quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O ESTRANHO CASO DE (benja)MIM BUTTON


Mais um dia da minha triste e confusa existência...
Será que há na vida uma altura certa para tudo? Será que se não vivermos a coisa certa no momento certo, tudo o que virá a seguir vai surgir sem nexo, sem possibilidade de evoluir?
Que confusão!
Caminho pela rua com aquela nuvem negra que há uns anos me acompanha sem vislumbrar um raio de sol ou as estrelas... Não conheço agora outra coisa senão esta sombra farfalhuda que mistura o alvo e o negro, que me segue para todo o lado e que me invade as entranhas. Queria lembrar-me da infância, onde o sol secava a areia húmida dos castelos de faz-de-conta e de quando os meus olhos reconheciam a Ursa Maior e a Estrela Polar. Agora não as reconheço, não me lembro de como são... 
Vejo-me agora homem feito, com uma porção de vida roubada, uma porção de vida estagnada... Olho para a imagem que reflecte o meu espelho e noto as mudanças... Eu acho que cresci... Mas a sombra não me permitiu avançar.
Entretanto como homenzinho que me julgava, consegui espreitar por entre a sombra que me barrava e por momentos lembrei-me do calor do sol e do enquadramento geométrico da Ursa. Mas era tudo diferente. O meu corpo mais maduro não estava preparado para reconhecer o que outrora era tão familiar... 
Tentei estudar aquelas imagens e sensações e tentei em vão percebê-las e construí-las de novo na minha cabeça... Mas a minha cabeça não se adaptou a elas... Senti-me a regredir. Aquele que se julgava homenzinho era de novo um adolescente... Em constantes conflitos interiores, a buscar o conhecimento não aprendido, a querer experimentar tudo aquilo que havia passado por mim sem se dar a notar. Quero aprender o mais rápido possível... Absorver o mundo de uma só assentada, recuperar o tempo perdido... Mas o tempo esse não pára e encontro-me em numerosas tentativas falhadas para o reencontrar. E tudo se torna confuso porque não vislumbrei o sol e as estrelas, o dia e a noite, no seu devido tempo... Essa fase já passou e esta carruagem já perdi...

Quando o vagão já se vislumbrava pequeno no horizonte ouvi então uma voz: "Não te preocupes, nesta vida não perdemos nada a menos que queiramos... Este comboio não tem uma hora certa, mais virão...". E deste-me a mão...

Sem comentários:

Enviar um comentário